quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Não aceitamos devolução

Há quem lide com as pessoas como se estivesse comprando sapatos. Esse tipo de gente age como uma garota leviana que se encanta facilmente com belas vitrines. Ela pode ter um par de sapatos velho e confortável, que satisfaça todas as suas necessidades e que lhe sirva como se tivesse sido feito sob medida.
Mas com certeza, ela preferiria trocá-lo pelo modelo que que está na última moda, de saltos altos e elegantes, mesmo que custe uma fortuna, seja desconfortável e encha os seus pés de bolhas.

Quando essa garota percebe que aquele sapato maravilhoso não lhe proporciona tudo aquilo que a publicidade e a bela aparência haviam prometido, esquece-o, veste as suas botinas velhas e vai até a loja querendo trocá-lo por um outro par ainda mais bonito e mais novo.

Estou cansada desse tipo de atitude, estou cansada de gente superficial, que não se importa com os sentimentos dos outros. Gente que se deixa encantar por qualquer rostinho bonito e desconhecido, jurando-lhe amor eterno...

Então, deixa eu te contar uma novidade: Pessoas não são objetos, nem tudo que reluz é ouro, e aqui na minha loja de sapatos não aceitamos devolução.

Faça bom proveito da sua nova aquisição, honey.


***Sei que comparar pessoas com sapatos talvez não faça sentido, mas...'Ouve apenas superficialmente o que digo e da falta de sentido nascerá um sentido como de mim nasce inexplicavelmente vida alta e leve. A densa selva de palavras envolve espessamente o que sinto e vivo, e transforma tudo o que sou em alguma coisa minha que fica fora de mim.' [Clarice Lispector- Água Viva]

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Desencontro

Foi um evento estanho. A chuva ajudava a embaçar a noite que já tornava tudo distorcido e irreal. Mas tão concreto quanto é o sentimento de estar viva, aquilo não era um pesadelo: era o inevitável. Era o causal. Era o trágico. Foi um evento estranho.

Definitivamente, nosso corpo é apenas uma capa para distorcer aquilo que somos em nossa essência. E o teu corpo, teus olhos e tuas palavras são o maior desencontro que conheço.

Não faz sentido.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

PROVOCAÇÃO

"Levante, vá embora, saia de perto desses mentirosos.

Porque eles não entendem a sual alma ou seu fogo."


Embora eu não lembrasse mais de você, não há nada que um encontro casual não traga à memória. E também não há nada nesse mundo que aconteça sem propósito. Você, que foi incondicionalmente meu amigo quando eu precisei. Que soube olhar além dos preconceitos e não se preocupou com as opiniões alheias. Agora você é um deles, e eles estão errados. Eles são inimigos de todo o amor que levianamente pregam. Eles servem a Mamom, o deus do dinheiro, eles roubam em nome de Deus, eles querem te destruir, como destruíram a mim. E eu não posso deixar. Porque acredite, meu amigo, foi doloroso demais, o processo de recomposição é lento, às vezes eterno. E na maioria das vezes, os danos são irreparáveis.



Você ainda estava acordado, ainda cantava uma canção diferente. Eu sei que você ainda tem personalidade, que as suas intenções ainda são boas, e eu vim para te incomodar! Você não pode continuar pensando que não há nada errado. Esqueça essa história de sacrifício. Esqueça as riquezas. Não fuja mais da cruel realidade: esse belo mundo eclesiástico é uma mentira, montada para desviar sua atenção da verdade que liberta, do amor que salva.



Abra os seus olhos e desperte do sono, antes que esse sonho vire um pesadelo. Abra os seus olhos! Não pelas evidências, elas podem ser montadas; não porque eu te peço, eu posso não merecer; não porque eu te afirmo que assim será melhor: eu posso estar mentindo. Abra-os porque lá no fundo teu coração e a tua consciência há muito clamam.



Se parar para considerar tudo isso e ainda concluir que não há nada de errado, a única explicação razoável é que você também é tão medíocre e mentiroso quanto os que me enganaram!



'A sua boca era mais macia do que a manteiga, mas no seu coração, guerra; as suas palavras eram mais brandas do que o azeite: todavia, eram espadas nuas. Pois não era um inimigo que me afrontava: então eu o teria suportado; nem era o que me aborrecia que se engrandecia contra mim, porque dele teria me escondido. Mas eras tu, homem igual a mim, meu guia e amigo íntimo.' [Salmo 55

O recado está dado. Quem tem ouvidos, ouça!