terça-feira, 22 de setembro de 2009

Explodindo

Sabe aquelas noites em que você guarda tanto dentro de si que não dá pra dormir e nem pra ficar acordado?
Entra-se em êxtase.
Minha mente vagando.
Vou explodir.
Vão voar fragmentos de felicidade por todos os lados.
E então Deus me diz:
-Calma filha. Durma. Porque o amanhã reserva coisas ainda melhores.

Acontece que sou muito mais do que posso suportar. Preciso compartilhar. Sinto que não caibo mais em mim. Quero esgotar-me, até deixar de ser quem sou.

Felicidade, na minha mente, ainda é crime de morte.

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'Meu coração se transforma a cada experiência. Mas ainda palpita, sobressalta e se assusta. Ainda é vulnerável como quando eu tinha dez anos.' {Lya Luft}

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Entre amigos e sanguessugas.

"Sanguessugas se fixam pelas extremidades, sugam até esgotarem sua capacidade e se soltam quando estão cheias de sangue. Podem ser encontradas em todo o mundo. Nas zonas tropicais existem espécies que caem sobre as vítimas. Existem também espécies marinhas e outras que vivem na lama. Alimentam-se do sangue das suas vítimas, podendo ingerir uma quantidade de sangue 10 vezes maior que o próprio volume. Elas prendem-se firmemente à pele de seu hospedeiro; e sugam-lhe o sangue."

Ingenuidade é algo que nunca me faltou. Algumas pessoas têm a plena consciência disso, e usam esse ponto fraco contra mim. Mas graças à Deus existe o tempo, e é ele quem se encarrega de nos mostrar as coisas com mais clareza, nos tira alguma inocência e nos dá experiência. E foi com o tempo que percebi que vivo entre amigos e sanguessugas. E olha que não são daquelas sanguessugas medicinais que nos ajudam em alguma coisa.

Sim, não minto: qualquer relacionamento humano, para ser benéfico, deve ser uma via de mão-dupla. Não tenho a pretensão de dar esperando sempre receber algo em troca, e nem acho que isso seja digno. Entretanto há aqueles que não apenas não nos dão nada em troca: recebem, pedem mais e ainda nos prejudicam.

Como sanguessugas, se fixam em nós, sugando nossa fonte de vida, e tudo o que temos de melhor. Sugam mais do que podem suportar. Após atingirem a satisfação, nos abandonam: se ausentam à procura de outras vítimas. Ás vezes voltam quando não encontram. E sugam mais. Ás vezes não voltam: mas o que importa mesmo é que deixam marcas em nossa pele, que saram lentamente, e resultam em feias cicatrizes.

Amizade, não a entendo como eterna concordância, mas como apoio incondicional. E esse apoio é companheirismo. Ninguém precisa morrer por ninguém, nem realizar sacrifícios em nome do outro para ser o que considero um verdadeiro amigo.

Shakespeare estava certo quando disse que “Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia”. Essas coisas não são concretas: a gente sente. E a minha breve vida me ensinou a acreditar mais no que sinto do que no que vejo. A gente sente quando o outro vibra com as nossas conquistas ou não. Quando torce para que os nossos projetos dêem certo ou não. Quando se entristece com as nossas derrotas ou não. Quando se importa, se preocupa. A gente sente sim! Vibrações. O mundo é feito delas. 

Desculpem pelo excesso de veneno desse post. Eu deveria deixar essas coisas pra lá, não deveria ficar refletindo sobre isso, mas não posso. Porque preciso desabafar. Porque se eu não falar, algum dia outros dirão.

Sanguessugas fixam-se em nossa pele constituindo uma relação que só é proveitosa para elas. Não se preocupam com os malefícios que essa relação nos causa. Eu escolho ter amor ao lidar com os que me cercam, escolho dar as mãos voluntariamente e seguir como uma compania segura na caminhada. Escolho ser amiga, e não sanguessuga.

E você, já escolheu o que quer ser?

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

"O que obviamente não presta...

...sempre me interessou muito.
Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão".
Clarice Lispector

Talvez isto explique porque eu ainda insisto em certas coisas. E nada mais à declarar.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Bom-humor no Salão de humor!

Eu não tenho o hábito de contar aqui o que acontece no meu dia-a-dia, nunca gostei desses blogs que assumem um tom de 'querido diário', pecando pelo egocentrismo. Mas hoje contarei o que fiz no meu feriado por um motivo nobre: lá fui eu em um típico passeio familiar (desses que eu não fazia há tempos) pra Piracicaba. E não foi só pra comer pastel na beira do rio fedorento não, foi pra conferir o Salão Internacional de Humor que tá rolando lá no Engenho Central.

Não sei bem o que eu esperava, desaculturada que sou, nunca tinha ouvido falar muita coisa sobre o evento que existe há mais de 30 anos. Garanto porém que é de superar as expectativas. Dei umas boas risadas, e olha que bom-humor em mim não é coisa fácil (rs!). Ás vezes com umas caricaturas bobas, outras mais críticas, a gente se pega rindo das coisas mais simples. E ninguém escapou: tinha desenhos sobre o Sarney, Michael Jackson, Gripe do Porco e até da Amy Winehouse.
Não resisti e com o celular fotografei alguns que vou postar aqui. Por favor desconsiderem os relfexos das luzes e minha imagem refletida (tinha um vidro sobre os desenhos haha!).
Aliás essa coisa de fazer jornalismo e ter blog é viciante. Tudo que a gente vê de novidade quer registrar, já pensando em como vai ser o texto haha. Mas enfim, nada de muito texto, vejam as fotos (mal tiradas) e tentem rir um pouco!

Tá aí só um pedacinho bem pequeno e medíocre do que é a exposição. Ah, e já ia me esquecendo. Mesmo se não achar tão divertido, só por andar no Engenho, respirar um pouco de ar puro e sentir o fedozinho do rio (Rá!) enquanto come um pastel daquelas inúmeras barraquinhas, já vale a pena o passeio. E além disso, dá pra dar um pulinho na Casa do Artesão, que também fica ali no Engenho Central, onde dá pra encontrar muita bugiganga bonita e as velhinhas simpáticas e exploradoras que fazem e vendem (bem caro por sinal) o artesanato.
Acho que por enquanto é só. Um post bem atípico.













quinta-feira, 3 de setembro de 2009

À Macabéa que há em nós.

"Ela era calada (por não ter o que dizer) mas gostava de ruídos. Eram vida. Enquanto o silêncio da noite assustava: parecia que estava prestes a dizer uma palavra fatal. (...) Mas vivia em tanta mesmice que de noite não se lembrava do que acontecera de manhã. Vagamente pensava de muito longe e sem palavras o seguinte: já que sou, o jeito é ser. "


Entre essas reviravoltas atípicas que a vida dá, tive que alimentar a minha alma de algo que não fossem pessoas, já que as que estão a minha volta têm deixado a desejar. Elas sempre deixam a desejar, talvez porque eu exija muito dos outros, exija tanto que quero mais do que eu mesma estou disposta a dar. Mas isso não tem a ver com post, o fato é que o meu estado de decepção crônica sempre me leva a buscar alimento pra alma na literatura. E lá fui eu emprestar de uma amiga A hora da Estrela, da Clarice Lispector (de novo ela!).

Foi então que tive o prazer (desses prazeres que doem um pouco) de conhecer Macabéa. Essa personagem vítima do destino, fadada à miséria. Que não conheceu pai nem mãe, e que sequer tinha consciência da sua infelicidade. Ela que não questionava muito. Ás vezes eu sou assim. Ás vezes a correria do dia-a-dia, as obrigações e até mesmo a rotina me jogam nesse conformismo: já que a vida é assim, eu tenho que vivê-la e pronto. Mas, ás vezes, também sofro pelo que não posso (ou talvez não tenha coragem) de mudar:

"E achava bom ficar triste. (...) Claro que ela era neurótica, não há sequer necessidade de dizer. Era uma neurose que a sustentava, meu Deus, pelo menos isso: muletas. Vez por outra ia para a Zona Sul e ficava olhando as vitrines faiscantes de jóias e roupas acetinadas - só para se mortificar um pouco. É que ela sentia falta de se encontrar consigo mesma e sofrer um pouco é um encontro. (...) Se a moça soubesse que minha alegria também vem de minha mais profunda tristeza e que tristeza era uma alegria falhada. Sim, ela era alegrezinha dentro de sua neurose. Neurose de guerra. "

Talvez eu pareça um tanto dramática nessa comparação, só pra variar um pouco, rsrs. Porém eu não tenho dúvidas de que minhas neuroses é que me sustentam. Rá! Neurose de guerra. E embora Macabéa fosse uma retirante nordestina subnutrida, sem nenhum estudo, projeto de vida ou objetivo; ela é extremamente parecida com qualquer um de nós. Ela que por tantas vezes parece ridicularizada.
Quem nunca se sentiu "soprado" no mundo? Quem nunca foi uma peça da engrenagem que ficou de lado, sobrando, enquanto ela continuava a funcionar normalmente? Quem nunca foi tolo, nunca foi vítima, nunca sentiu saudade do que poderia ter sido e não foi? Como diz Clarice, 'quem não é um acaso na vida?'
"Pergunto eu: conheceria ela algum dia do amor o seu adeus? Conheceria algum dia do amor os seus desmaios? Teria a seu modo o doce vôo? De nada sei. Que se há de fazer com a verdade de que todo mundo é um pouco triste e um pouco só?"

Tá aí, desabafei. Dedicado à Macabéa que há em todos nós!

**Pra quem ainda não leu, recomendo. Pra quem já leu, sinta-se à vontade para descordar de mim! A-d-o-r-o! Rá.