...Até que nós e a mídia os matemos!
Eu gostaria de fugir do tema tão repetitivo, mas é impossível. Não terei paz enquanto não externar o que sinto. Entendam. Quando escrevo, é como se os meus questionamentos e idéias se organizassem em minha cabeça e fizessem sentido... só assim exorcizo meus temores.
Então aí vai. Mais uma vez não consigo acreditar nas notícias. A informação é de 9 dias atrás, mas só fui saber hoje: ao menos 12 fãs do Michael Jackson se suicidaram após saber da sua morte. É ou não é de chocar?!
Um psicólogo disse em um desses progametes de TV que a informação não foi amplamente divulgada pela mídia por medo de incentivar outros fãs a fazerem o mesmo. Tentaram evitar uma espécie de apologia ao suicídio. Diante de tanta loucura, não tenho dúvidas de que isto realmente aconteceria.
Mas eu não vou recriminar ninguém, não quero taxar os tais fãs que se suicidaram de loucos ou fúteis: eu os compreendo perfeitamente. Sim! E não é porque sou fã do Michael Jackson não. Mas é que faltam ao ser humano tantas coisas: falta mais lealdade, mais sinceridade, mais pureza, mais fé. E sobra hipocrisia, sobra ganância, sobram interesses, sobra tanta falta de caminho. Minha vida também anda medíocre, eu tenho sido tão medíocre...
A gente se surpreende tanto com esses seres humanos verdadeiros e falhos que nos cercam, a gente se surpreende tanto com a gente mesmo; que é muito mais fácil escolher um ídolo, um mito, alguém infalível. Alguém que, no imaginário popular, resuma tudo o que nós gostaríamos de ser, mas não somos. O que gostaríamos que os outros fossem, mas não conseguem ser. Alguém imortal. Talvez é assim que esses fãs idealizavam Michael. Talvez eles não tivessem auto-estima, não tivessem planos, não tivessem objetivos na vida....talvez eles projetassem suas vidas na vida dele.
Mas infelizmente os seres humanos são perecíveis e mortais. Do artista, o que fica de imortal é a obra, é o mito. E é só com isso que deveríamos nos preocupar. O que passa disso não é saudável, nem para o fã e nem para o 'ídolo'. Porém é difícil. Algo dentro de nós grita, aguça nossa curiosidade, e nos faz querer saber sempre mais. Com certeza a mídia lucra muito com a nossa curiosidade. E sem querer falar da vida pessoal do Michael Jackson, mas já falando, acredito que parte da sua paranóia vinha justamente de tanto assédio, tanta falta de privacidade. Não estou com isso afirmando que ela era inocente das acusações de pedofilia, mas eu prefiro acreditar nessa versão.
É medonho observar como há uma linha tênue entre a admiração e o fanatismo, entre a realidade e a loucura. Eu tenho dó do falecido Michael. Talvez eu esteja enganada a seu respeito. Mas nós o elegemos o rei do pop e lotamos seus shows. Depois destruímos sua imagem e demos crédito aos tablóides sensacionalistas. Causamos indiretamente seu vício em remédios, tiramos sua vida e ainda fizemos um contraditório e deprimente canto fúnebre. Para encerrar com chave de ouro, transformamos Michael em um santo com inúmeras homenagens póstumas. Um endeusamento doentio. O fato é que cada um de nós tem uma parcela de culpa, com maior ou menor dimensão, sendo fãs de seu trabalho ou não. Mas isso já não importa: Nós o matamos.
Tomara que eu esteja completamente errada. Adorarei saber que estou exagerando. Mesmo.