quinta-feira, 13 de março de 2014
Quem quer ser Lutero?
sábado, 17 de julho de 2010
Olhai para os lírios do campo
É o terror de saber a que ponto chegou o mundo.
(...) A insanidade sorri, sob pressão estamos pirando!
(Queen - Under Pressure)
Entregar-se é mesmo difícil, mas é o que estou tentando fazer mais e mais a cada dia. Ao invés de buscar a perfeição e ceder à pressão que paira no ar, escolho preocupar-me menos e ser feliz com o que tenho. Quanto ao que me falta, entrego nas mãos de Deus e sigo dando o meu melhor na caminhada. Agora, peço licença: vou fugir desta paranóia coletiva e parar para olhar os lírios do campo.
"O que vai acontecer, acontecerá. Sossega, barquinho na correnteza, Deus dará." (Caio F. Abreu)
terça-feira, 1 de junho de 2010
No meu jardim
É, Deus tem me ensinado a cuidar melhor de meu vasto jardim e a me incomodar menos com a qualidade do jardim alheio.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
A madrugada em que o país parou
O homicídio triplamente qualificado praticado pelo casal contra Isabella Nardoni, morta em 29 de março de 2008, quando foi jogada pela janela do sexto andar do Edifício London, prendeu a atenção de toda a mídia e causou comoção pública jamais vista diante de um assassinato. O motivo? Alexandre Nardoni é pai de Isabella, e Anna Carolina Jatobá, a madrasta supostamente ciumenta.
Durante meses, todos os canais, revistas e jornais nacionais e regionais realizaram uma ampla cobertura do caso, acompanhando os depoimentos, as perícias e, finalmente, a prisão do casal Nardoni. Porém, o que mais ganhou espaço nas manchetes e primeiras-capas foram fotos retratando a ex-vida feliz da garotinha “assassinada” e a irremediável dor de Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella, cujo rosto tornou-se tão conhecido e exposto quanto o do presidente Lula.
A cobertura da morte da menina atingiu proporções de um romance policial imperdível, com direito a cenas de drama, suspense e ação que foram acompanhadas fielmente por milhões de brasileiros. Mas, ao contrário do incrível desfecho desta “novela”, a maioria dos casos de homicídios ou tentativa de homicídio entre pais e filhos termina com o réu recebendo uma sentença favorável. A conclusão é de um estudo da antropóloga Daniela Moreno Feriani, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), da Unicamp. Ela avaliou 34 processos tramitados e julgados em um período de 20 anos - entre 1982 e 2002 - no Fórum de Campinas.
Segundo a pesquisa, divulgada no início deste ano, de 34 processos pesquisados, em 17 o réu teve sentença favorável e em oito houve condenação. Os outros processos foram arquivados por diversos motivos, como falecimento do réu ou desqualificação do crime para lesão corporal. Qual é, então, a novidade para tanto estardalhaço diante do Caso Isabella?
Um peso, duas medidas
Cerca de 200 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, estavam aglomeradas em frente ao Fórum de Santana à meia-noite e 45, enquanto o juiz lia a sentença de condenação dos Nardoni. Em seus televisores, milhares de pessoas acompanhavam ao vivo a reação eufórica dos civis quando o resultado do julgamento soou pelos vários alto-falantes instalados nos portões e calçadas do Fórum.
Uma onda de alegria e fúria espalhou-se entre os presentes. Civis bateram palmas, pularam, soltaram fogos de artifício, balançaram-se nas grades de proteção do local. Fotógrafos dispararam simultaneamente seus flashes e repórteres narraram o resultado do julgamento com a entonação de quem narra o glorioso fim de uma partida de futebol.
Porém, emocionante mesmo foi o retorno do casal à penitenciária de Tremembé, no Vale do Paraíba, a 140 quilômetros de São Paulo, onde voltaram a ocupar suas carceragens. As pessoas aguardavam na saída do Fórum. A Polícia Militar temia um linchamento. Só que atirar pedras, tomates e disparar chutes e palavrões contra os veículos fortemente protegidos, onde os assassinos estavam invisíveis, foi o máximo que os civis conseguiram fazer. Tudo isso, é claro, sobre o respaldo de câmeras e microfones.
Mas, ainda pior do que uma sociedade que comemora quando deveria calar-se e cala-se quando deveria protestar, é uma mídia que faz o mesmo. Se antigas teorias dizem que o jornalismo é o espelho da sociedade, talvez elas não estejam tão obsoletas: a imprensa brasileira realmente faz jus à frase.
Se inúmeros casos como o de Isabella acontecem no Brasil, por que não recebem a mesma repercussão e fiscalização da imprensa? Por que, diferentemente de Isabella, as crianças assassinadas não são filhas de advogados? Por que os pais que cometeram homicídio não são proprietários de um apartamento na Zona Norte de São Paulo?
De maneira nenhuma é maléfico que a mídia fiscalize o cumprimento das leis e procedimentos que são de interesse público: mas é maléfico que isso seja feito de acordo com o interesse do público, apenas quando as circunstâncias de um crime rendem boas fotos e entrevistas emocionantes, que garantam um aumento de audiência e vendas de exemplares. Se a imprensa brasileira não trabalhasse com um peso e duas medidas, talvez os 17 dos 34 homicídios entre pais e filhos nos últimos anos não teriam ficado impunes.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Até quando esperar?
Há algumas semanas terminei "Memórias de uma Gueixa", o livro mais belo que já li. Através das histórias da sábia Chiyo, posso afirmar que aprendi várias lições, mas a principal delas tem muito a ver com a minha própria história. Na trama, Chiyo é vendida pela família quando criança para uma casa de gueixas em Kioto, onde é maltratada e prejudicada por sua rival, Hatsumono. Com a ajuda de Mameha, a menina consegue se tornar uma gueixa reconhecida.
Em sua jornada até se transformar na famosa Nitta Sayuri, cada obstáculo que a garota enfrenta é superado com o objetivo de reencontrar o Presidente, homem que ela conheceu na infância quando era uma criada e por quem se apaixonou. O que ela nem imagina é que Mameha, sua protetora, foi enviada para ajudá-la pelo próprio Presidente, que sempre a tratou com indiferença.
Vocês podem imaginar, lendo isto, que o livro é mais um desses romances baratos, mas não é. Em primeira pessoa, Sayuri conta cada episódio de sua vida com tamanha profundidade que consegui sentir exatamente o que ela queria dizer. Obviamente a história é fictícia, mas é construída a partir de fatos reais, e mostra muito da cultura japonesa e da vida das gueixas do século XX, com várias passagens chocantes.
Entretanto, o que realmente me chamou atenção foi este ponto da história. Assim como Sayuri, minha vida tem sido construída em cima de uma esperança, e destinada à conseguir algo que pode não passar de uma grande ilusão. "Todo passo que dei em minha vida desde quando era criança, foi dado na esperança de me aproximar de você", disse Sayuri certo dia ao Presidente. Embora eu tenha negado isso à mim mesma por tantas vezes, sei que no fundo cada passo que dou em minha vida também é apenas por uma pessoa.
Ele estava lá, em cada revolta, a cada nova descoberta que fiz, em cada alegria que eu quis compartilhar. Quando fiz minha formatura ele estava lá, estava também quando entrei na faculdade, quando consegui meu primeiro estágio, quando mergulhei em qualquer relacionamento na tentativa de esquecer. Sempre em meus planos e pensamentos.
Tantos anos já se passaram, e o meu medo é que tantos outros se passem, até que em um belo dia eu perceba que minha vida passou e que sonhei todo este sonho sozinha. Corro o risco de não ter um final tão bom quanto o de Sayuri, ou de jogar tudo fora cedo demais. Outros caminhos sem volta se abrem a minha frente, e fico imaginado se não seria melhor pegá-los e mudar completamente o rumo da minha história. Por onde ir? Peço à Deus continuamente que me dê a resposta certa. Enquanto pensava nisso, uma música soou em meus ouvidos:
Yeah, how long must you wait for it?/ Quanto tempo você tem que esperar por isso?
Yeah, how long must you pay for it?/ Quanto tempo você tem que pagar por isso?
Yeah, how long must you wait for it?/ Quanto tempo você tem que esperar por isso?
...Coldplay - In my place
terça-feira, 27 de abril de 2010
Reciclar a alma
Houve um tempo em que qualquer erro era fatal e qualquer frustração era suficiente para me deixar inerte, prostrada, à mercê do que a sorte me trouxesse. Quando finalmente decidi me reerguer, sabia que não poderia fazê-lo sozinha: mas ao invés de contar com pessoas, resolvi colocar minha confiança totalmente nas mãos de Deus, e é incrível como Ele nunca falha, como sua perfeição vai além do meu entendimento. O que me esqueci na minha jornada é que eu falho, e muito.
A diferença entre falhar com Deus e falhar sem Deus é que foi minha grande descoberta: Ele é quem nos dá a oportunidade, a cada novo dia que nasce, de começar uma nova história com os ponteiros zerados, com a cabeça erguida, com um sorriso no rosto. Apesar dos erros, enganos e decepções, de certos "amigos" a menos e de relações machucadas, minha fé em Deus segue firme, forte, inabalável!
Resta-me agora o dever e o bom-senso de novamente eliminar velhas ilusões, jogar fora os papéis amarelados e inúteis, organizar o guarda-roupa: reciclar a alma, renovar as forças e a esperança que moram em mim. Vivo vários ciclos e não dias e anos, esta é hora de saltar para o próximo e mudar aquele reflexo cansado no espelho. Dessa vez com a melhor compania que um ser humano pode ter! Mudar para que tudo ao redor também mude, essa é a regra do jogo.
"Se você continuar a fazer sempre o que fez, vai continuar a conseguir o que sempre conseguiu."
[Anthony Robbin]
sexta-feira, 26 de março de 2010
Breve tratado sobre a maturidade
A maturidade não quebra promessas, mas também não obriga ninguém a cumprí-las.
Maturidade é saber reconhecer tuas derrotas, é saber aceitar que você não é insubstituível com um sorriso no rosto, e não com uma hora de discussão. É preocupar-se em agradar ao outro sem desrespeitar a si mesmo, ao invés de revoltar-se quando você não é correspondido como espera e criar um drama desnecessário. É saber esperar o tempo de cada um, sem violar a privacidade alheia para matar a qualquer custo a própria solidão. É saber respeitar e apreciar as diferenças, e não entregar-se a decepção e a rejeição quando as coisas não saem como você espera e as pessoas não são como você idealizou.
O próprio agir com maturidade não é fácil, deve ser premeditado e requer, obviamente, que você tenha maturidade suficiente para aguentar as pressões emocionais do dia-a-dia.
Portanto maturidade é, sobretudo, o que te falta.
Fica aí, ao som de Amy Winehouse (que aliás deve ter feito essa música especialmente pra alguém que eu conheço, pois acertou até na idade) um simples recado de quem realmente sabe o que é maturidade para alguém que na vida ainda precisa evoluir muito!
"Voce deveria ser mais forte que eu
Afinal você está aqui sete anos a mais do que eu
Não sabe que é você quem deveria ser o homem?
E você nem se compara com o que você acha que eu sou
Você sempre quer conversar sobre isso
E eu não me importo (...)
Porque você tem sempre que me colocar no controle?
Tudo que preciso é que meu homem cumpra seu papel
Você sempre querendo conversar sobre isso... e eu estou bem (...)
É como se você estivesse lendo sobre isso em algum roteiro chato.
Eu não vou conhecer sua mãe em hora nenhuma,
Eu só quero segurar seu corpo contra o meu.
Me diga porque você acha que isso é um crime?
Porque já me esqueci das alegrias do amor juvenil
Pareço uma senhora,
E você parece uma "mocinha"...
Voce deveria ser mais forte que eu."
[Amy Winehouse - Stronger than me]
quinta-feira, 11 de março de 2010
Uma nova canção
Mais de um ser humano já me acusou com veemência de ter abandonado este blog, mas devo ressaltar que isso não é verdade. Nos últimos meses, o que abandonei foi o ceticismo e a tristeza, e sinto desde então a minha vida ser transformada todos os dias.
O fato é que eu tenho que ser menos egoísta, pois concluí que só escrevo bons textos quando estou melancólica, irritada ou decepcionada. Meu veneno então não cabe em mim e escorre entre os dentes, as vísceras, as palavras. E ultimamente, apesar da vida cotidiana e contratempos corriqueiros, paira no ar uma alegria que me invade e não cabe em mim. Que fase!
Portanto, devo aprender a compartilhar com o mundo não só os dissabores, mas as vibrações boas e sensações positivas também. Tentarei de agora em diante dividir os questionamentos, as polêmicas (adoro! rs), as bençãos e sentimentos relevantes aqui no blog. Que este Veneno Antimonotonia não nos seja letal, mas que seja liberado na dosagem ideal para matar apenas o comodismo. É em minha vida um novo tempo. Tempo, finalmente, de cantar uma nova canção...
"Eu esperei pacientemente pelo Senhor,
Ele se inclinou sobre mim e ouviu meu clamor.
Ele me puxou e me tirou do fundo do poço,
Para fora de um barro lamacento.
Eu cantarei, cantarei uma nova canção.
Ele colocou meus pés sobre uma rocha,
E os fez caminharem firmemente.
Muitos verão, muitos verão e ouvirão,
Eu cantarei, cantarei uma nova canção."
(U2 -40)
**Essa música é baseada no Salmo 40 da Bíblia.